08 maio 2010

A interminável história de viver

Eram
pouco mais do que sete horas
da manhã.
Talvez a rua não seja hoje,
ao entardecer-me o pensamento,
na sua indecisa forma
e evanescente aparência,
mais do que uma sonolência
ou um estremunhar
a boca azeda os olhos semicerrando-se.

Mas há a vida
e a força de viver
e com isso o sol
e o desejo de lua
gananciosa vontade
ferrada nas entranhas
voraz de carência e da ausência saudosa.

Talvez a rua e nela a presença
nocturna e noctívaga
intervalo que é de vidas cansadas
seja a forma
o modo
e afinal o meio
de vividas estarem todas as vidas
e surgir, nítida, exacta e colorida, a possibilidade enfim de viver.